Por meio de Isaías, Jeová profetiza a vinda de um servo a quem Ele mesmo escolheria: “Eis meu servo a quem estou segurando! Meu escolhido, a quem a minha alma tem aprovado! Pus nele o meu espírito. Justiça para as nações é o que ele produzirá. Não clamará nem levantará a sua voz, e não deixará ouvir a sua voz na rua. Não quebrará nenhuma cana esmagada; e quanto à fraca mecha de linho, não a apagará. Produzirá justiça em veracidade. Não se turvará nem será esmagado até estabelecer justiça na própria terra; e por sua lei estarão esperando as próprias ilhas.” — Isaías 42:1-4.
Quem é o Servo aqui mencionado? Não há dúvidas quanto a isso. Encontramos essas palavras citadas no Evangelho de Mateus e aplicadas a Jesus Cristo. (Mateus 12:15-21) Jesus é o Servo amado, o “escolhido”. Quando foi que Jeová pôs seu espírito sobre ele? Em 29 EC, quando Jesus foi batizado. O registro inspirado relata esse batismo e diz que, depois de Jesus ter saído da água, “abriu-se o céu e desceu sobre ele o espírito santo, em forma corpórea, semelhante a uma pomba, e uma voz saiu do céu: ‘Tu és meu Filho, o amado; eu te tenho aprovado.’” Desse modo, Jeová identificou pessoalmente seu Servo amado. O subsequente ministério de Jesus e suas obras milagrosas provaram que o espírito de Jeová realmente estava sobre ele. — Lucas 3:21, 22; 4:14-21; Mateus 3:16, 17.
O Escolhido de Jeová ‘produziria’, ou tornaria manifesta, a verdadeira justiça. “Ele esclarecerá às nações o que é justiça.” (Mateus 12:18) Como isso era necessário no primeiro século EC! Os líderes religiosos judeus ensinavam um conceito distorcido de justiça e retidão. Procuravam ser justos seguindo um rígido conjunto de leis — muitas delas de autoria própria. Na sua justiça legalista não havia lugar para misericórdia e compaixão.
Em contraste com isso, Jesus revelou o conceito de Deus sobre justiça. Pelo seu ensino e modo de viver, Jesus mostrou que a verdadeira justiça é compassiva e misericordiosa. Ele levou sua mensagem consoladora a muitos que eram como cana machucada, vergada e golpeada. Pareciam uma mecha fumegante, com sua última centelha de vida quase apagada. Jesus não quebrou uma “cana esmagada” nem extinguiu uma “fraca mecha de linho”. Em vez disso, suas palavras e ações amorosas e compassivas animavam o coração dos mansos. — Mateus 11:28-30.
Mas por que diz a profecia que Jesus ‘não clamaria nem levantaria a sua voz, e não deixaria ouvir a sua voz na rua’? Porque ele não iria se vangloriar, como muitos nos seus dias. (Mateus 6:5) Ao curar um leproso, ele disse ao homem: “Cuida de que não digas nada a ninguém.” (Marcos 1:40-44) Em vez de buscar publicidade e levar as pessoas a tirar conclusões à base de relatos de terceiros, Jesus queria que elas discernissem por si mesmas à base de evidências sólidas que ele era o Cristo, o Servo ungido de Jeová.
“Eis que meu servo agirá com perspicácia. Ele estará num alto posto, e certamente será elevado e muitíssimo exaltado.” (Isaías 52:13)
“Ao ponto que muitos olharam para ele assombrados . . . a tal ponto surpreenderá muitas nações. Por causa dele, reis fecharão a sua boca, pois verão realmente aquilo que não se lhes narrou e terão de dar sua consideração àquilo que não ouviram.” (Isaías 52:14a, 15) Com essas palavras, Isaías não descreve o surgimento inicial do Messias, mas sim seu confronto final com os governantes terrestres
“Tanta foi a desfiguração quanto à sua aparência, mais do que a de qualquer outro homem, e quanto à sua figura imponente, mais do que a dos filhos da humanidade.” (Isaías 52:14b) Ficou Jesus de algum modo desfigurado fisicamente? Não. Embora a Bíblia não forneça detalhes sobre a aparência de Jesus, o Filho perfeito de Deus sem dúvida tinha uma fisionomia agradável. Evidentemente, as palavras de Isaías referem-se à humilhação que Jesus sofreu.
“Quem depositou fé na coisa ouvida por nós? E quanto ao braço de Jeová, a quem foi revelado?” (Isaías 53:1) Essas palavras de Isaías suscitavam perguntas instigantes: Cumprir-se-ia essa profecia? Será que o “braço de Jeová”, que representa sua capacidade de exercer poder, se revelaria e tornaria realidade essas palavras?
A seguir, a profecia explica aos israelitas os motivos das perguntas registradas no versículo 1 e, com isso, lança luz sobre por que muitos não aceitariam o Messias: “Ele subirá qual rebento perante [um observador] e como raiz dentre uma terra árida. Não tem nenhuma figura imponente, nem qualquer esplendor; e vendo-o nós, não há aparência, de modo que o desejássemos.”
A seguir, Isaías passa a detalhar como o Messias seria encarado e tratado: “Ele foi desprezado e evitado pelos homens, homem para ter dores e para conhecer doença. E era como se se ocultasse de nós a face. Foi desprezado e não o tivemos em conta.” (Isaías 53:3)
Por que o Messias teria de sofrer e morrer? Isaías explica: “Verdadeiramente, foram as nossas doenças que ele mesmo carregou; e quanto às nossas dores, ele as levou. Mas nós mesmos o considerávamos afligido, golpeado por Deus e atribulado. Mas ele estava sendo traspassado pela nossa transgressão; estava sendo esmigalhado pelos nossos erros. O castigo intencionado para a nossa paz estava sobre ele, e por causa das suas feridas tem havido cura para nós. Todos nós temos andado errantes quais ovelhas; viramo-nos cada um para o seu próprio caminho; e o próprio Jeová fez que o erro de todos nós atingisse aquele.” — Isaías 53:4-6.
Estaria o Messias disposto a sofrer e a morrer? Diz Isaías: “Viu-se apertado e deixou-se atribular; contudo, não abria a sua boca. Foi trazido qual ovídeo ao abate; e como a ovelha fica muda diante dos seus tosquiadores, tampouco ele abria a sua boca.” (Isaías 53:7) Na última noite de sua vida, Jesus poderia ter convocado “mais de doze legiões de anjos” para socorrê-lo. No entanto, ele disse: “Neste caso, como se cumpririam as Escrituras, de que tem de realizar-se deste modo?” (Mateus 26:53, 54) Assim, o “Cordeiro de Deus” não ofereceu resistência. (João 1:29)
A seguir, Isaías dá outros detalhes sobre os sofrimentos e a humilhação do Messias. Escreve o profeta: “Por causa da restrição e do julgamento, ele foi levado embora; e quem é que se ocupará com os pormenores de sua geração? Pois foi cortado da terra dos viventes. Por causa da transgressão do meu povo, sofreu o golpe.” (Isaías 53:8) Quando Jesus por fim foi tomado pelos seus inimigos, esses opositores religiosos usaram de “restrição” nos seus tratos com ele. Não que se refreassem de expressar seu ódio, mas restringiram, ou negaram, a justiça.
A seguir, Isaías diz algo espantoso: “O próprio Jeová se agradou em esmigalhá-lo; fez que adoecesse. Se puseres a sua alma como oferta pela culpa, ele verá a sua descendência, prolongará os seus dias, e na sua mão o agrado de Jeová será bem-sucedido. Por causa da desgraça da sua alma, ele verá, ficará satisfeito. Por meio do seu conhecimento, o justo, meu servo, trará uma posição justa a muita gente; e ele mesmo levará os erros deles.” (Isaías 53:10, 11) Como poderia Jeová ter agrado no esmigalhamento de seu servo fiel? Obviamente, Jeová não causou pessoalmente sofrimentos a seu Filho querido. Os inimigos de Jesus foram plenamente responsáveis pelo que lhe fizeram. Mas Jeová permitiu que agissem cruelmente. (João 19:11) Por que razão? Certamente, o Deus de empatia e de terna compaixão sentia-se penalizado em ver seu Filho inocente sofrer. (Isaías 63:9;
Por fim, Isaías fala dos triunfos do Messias: “Por isso lhe repartirei um quinhão entre os muitos e será com os potentes que ele repartirá o despojo, devido ao fato de que esvaziou a sua alma até a própria morte e foi contado com os transgressores; e ele mesmo carregou o próprio pecado de muita gente e passou a interceder pelos transgressores.” — Isaías 53:12.