A explicação da Bíblia sobre a influência dos demônios nos assuntos humanos responde às dúvidas básicas sobre o mal, que de outra forma não poderiam ser respondidas. Quase toda pessoa deseja viver em paz com seu semelhante. Assim sendo, por que será que em tempos de guerra as pessoas estupram, torturam e matam umas às outras? A razão principal é que forças demoníacas estão operando. Entender o papel desempenhado pelos demônios também fornece a solução de algo que alguns chamam de “problema dos teólogos”. O problema é como conciliar três proposições: (1) Deus é todo-poderoso; (2) Deus é amoroso e bom; e (3) coisas terríveis acontecem. Alguns sustentam que é possível conciliar quaisquer duas dessas proposições, mas jamais se conseguirá conciliar todas as três. A própria Palavra de Deus fornece a resposta, e essa resposta envolve espíritos invisíveis, agentes do mal.
vejamos o primeiro rebelde
A Bíblia nos diz que o próprio Deus é um espírito. (João 4:24) Com o tempo ele se tornou o Criador de milhões de outros seres espirituais, filhos angélicos. Em uma visão, um servo de Deus chamado Daniel viu cem milhões de anjos. Todas as pessoas espirituais que Jeová criou eram justas e estavam em harmonia com sua vontade. — Daniel 7:10; Hebreus 1:7. Mais tarde, quando Deus “fundou a terra”, esses filhos angélicos de Deus ‘juntos gritavam de júbilo’ e “começaram a bradar em aplauso”. (Jó 38:4-7) Mas um deles criou o desejo de obter para si a adoração que de direito pertencia ao Criador. Por se rebelar contra Deus, esse anjo fez de si mesmo um satanás, que significa “opositor" e um diabo, que significa “caluniador”. — Ezequiel 28:13-15.
Utilizando uma serpente no Éden para falar com a primeira mulher, Eva, Satanás persuadiu-a a desobedecer à ordem expressa de Deus de não comer do fruto de certa árvore do jardim. Depois, seu marido se juntou a ela. Assim, o primeiro casal humano se aliou ao anjo na rebelião contra Jeová. — Gênesis 2:17; 3:1-6. Embora os eventos ocorridos no Éden talvez pareçam uma lição bem definida de obediência, duas importantes questões morais foram suscitadas ali por Satanás. Primeiro, Satanás questionou se o domínio de Jeová sobre suas criaturas era exercido de modo justo e nos melhores interesses delas. Os humanos talvez se saíssem melhor governando a si próprios. Segundo, Satanás duvidou que qualquer das criaturas inteligentes permanecesse fiel e leal a Deus quando a obediência não parecesse trazer benefícios materiais. O entendimento claro das questões suscitadas no Éden, junto com o conhecimento dos atributos de Jeová, ajuda-nos a compreender a solução do “problema dos teólogos”, a saber, conciliar a existência do mal com os atributos de Deus: poder e amor. Embora seja verdade que Jeová possui poder ilimitado e é a própria personificação do amor, ele também é sábio e justo. Ele exerce esses quatro atributos com perfeito equilíbrio. Assim, ele não usou seu irresistível poder para destruir imediatamente os três rebeldes. Isso teria sido justo, mas não necessariamente sábio ou amoroso. Ademais, ele não simplesmente perdoou e esqueceu tudo, um proceder que alguns achariam ser amoroso. Agir assim não teria sido sábio nem justo.
Era necessário tempo para resolver as questões suscitadas por Satanás. Levaria tempo para provar se os humanos poderiam ou não governar corretamente a si mesmos, independentemente de Deus. Por permitir que os três rebeldes continuassem vivendo, Jeová também tornou possível que suas criaturas participassem em provar a falsidade da afirmação de Satanás, servindo fielmente a Deus sob circunstâncias difíceis. Jeová havia dito claramente a Adão e Eva que, se eles comessem do fruto proibido, morreriam. E eles realmente morreram, embora Satanás tivesse assegurado a Eva que ela não morreria. Satanás também foi sentenciado à morte; no ínterim, ele continua a desencaminhar a humanidade. De fato, a Bíblia diz: “O mundo inteiro jaz no poder do iníquo.” — 1 João 5:19; Gênesis 2:16, 17; 3:4; 5:5.
Outros anjos se rebelam
Não muito tempo depois dos eventos ocorridos no Éden, outros anjos se juntaram à rebelião contra a soberania de Jeová. A Bíblia declara: “Ora, sucedeu que, quando os homens principiaram a aumentar em número na superfície do solo e lhes nasceram filhas, então os filhos do verdadeiro Deus começaram a notar as filhas dos homens, que elas eram bem-parecidas; e foram tomar para si esposas, a saber, todas as que escolheram.” Em outras palavras, esses anjos “abandonaram a sua própria moradia correta no céu” e vieram à Terra, materializados em forma humana, e usufruíram prazeres sensuais com as mulheres. — Gênesis 6:1, 2; Judas 6.
O relato prossegue em Gênesis 6:4: “Naqueles dias veio a haver os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos do verdadeiro Deus continuaram a ter relações com as filhas dos homens e elas lhes deram filhos; eles eram os poderosos da antiguidade, os homens de fama.” Esses filhos híbridos nascidos às mulheres e gerados pelos anjos eram anormalmente fortes, “os poderosos”. Eram homens de violência, ou Nephi·lím, palavra hebraica que significa “os que fazem outros cair”. É digno de nota salientar que esses eventos encontraram mais tarde expressão nas lendas de antigas civilizações. Por exemplo, uma epopéia babilônica de 4.000 anos descreve as proezas sobre-humanas de Gilgamés, um poderoso e violento semideus, cuja “lascívia não [poupou] nenhuma virgem para seu amado”. Outro exemplo, da lenda grega, é o sobre-humano Hércules (ou Héracles). Filho de Alcmena, uma humana, e de Zeus, um deus, Hércules empreendeu uma série de aventuras violentas depois de matar sua esposa e seus filhos num acesso de loucura. Embora tais contos tivessem sido bastante distorcidos ao passarem de geração em geração, combinam com o que a Bíblia diz sobre os nefilins e seus rebeldes pais angélicos.
Devido à influência dos anjos maus e de seus filhos sobre-humanos, a Terra ficou tão cheia de violência que Jeová decidiu destruir o mundo por meio de um grande dilúvio. Os nefilins pereceram junto com todos os humanos perversos; os únicos sobreviventes humanos foram o justo Noé e sua família. — Gênesis 6:11; 7:23. Contudo, os anjos maus não morreram. Em vez disso, desmaterializaram seus corpos humanos e retornaram ao domínio espiritual. Devido à desobediência, não se lhes permitiu voltar a fazer parte da família de anjos justos de Deus; tampouco se lhes permitiu novamente materializar corpos humanos como fizeram nos dias de Noé. Ainda assim, eles continuaram exercendo ruinosa influência nos assuntos da humanidade, sob a autoridade do “governante dos demônios”, Satanás, o Diabo. — Mateus 9:34; 2 Pedro 2:4; Judas 6.
São inimigos da humanidade
Satanás e os demônios sempre foram assassinos e cruéis. Satanás, por vários meios, causou a perda dos animais de Jó e matou a maioria dos seus servos. A seguir, matou os dez filhos de Jó por fazer com que “um grande vento” demolisse a casa onde eles estavam. Depois disso, Satanás afligiu Jó com “um furúnculo maligno, desde a sola de seu pé até o alto da sua cabeça”. — Jó 1:7-19; 2:3, 7. Os demônios revelam uma disposição similarmente má. Nos dias de Jesus, privaram pessoas da fala e da visão. Fizeram com que um homem se cortasse com pedras. Lançaram um menino ao chão e ‘o convulsionaram violentamente’. — Lucas 9:42; Mateus 9:32, 33; 12:22; Marcos 5:5. Relatos procedentes do mundo inteiro indicam que Satanás e os demônios estão mais maldosos do que nunca. Algumas pessoas eles acometem de doença. Outras eles molestam, não as deixando dormir, ou fazendo com que tenham sonhos terríveis, ou abusando sexualmente delas. Ainda outras eles levaram à demência, ao assassinato ou ao suicídio.
Por quanto tempo mais serão tolerados?
Satanás e seus demônios não serão tolerados para sempre. Foi com boa razão que Jeová permitiu que existissem até nossos dias, mas agora seu tempo é curto. No início deste século, deu-se um importante passo para limitar sua esfera de atividade. O livro de Revelação (Apocalipse) explica: “Irrompeu uma guerra no céu: Miguel [o ressuscitado Jesus Cristo] e os seus anjos batalhavam com o dragão [Satanás], e o dragão e os seus anjos batalhavam, mas ele não prevaleceu, nem se achou mais lugar para eles no céu. Assim foi lançado para baixo o grande dragão, a serpente original, o chamado Diabo e Satanás, que está desencaminhando toda a terra habitada; ele foi lançado para baixo, à terra, e os seus anjos foram lançados para baixo junto com ele.” — Revelação 12:7-9. Com que resultado? O relato prossegue: “Por esta razão, regozijai-vos, ó céus, e vós os que neles residis!” Os anjos justos podiam regozijar-se porque Satanás e seus demônios não mais estavam no céu. Mas que dizer das pessoas na Terra? A Bíblia diz: “Ai da terra e do mar, porque desceu a vós o Diabo, tendo grande ira, sabendo que ele tem um curto período de tempo.” — Revelação 12:12.
Em sua fúria, Satanás e seus lacaios estão decididos a causar tanta desgraça quanto possível antes de seu iminente fim. Este século presenciou duas guerras mundiais e mais de 150 guerras menores desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Entraram para o nosso vocabulário frases que refletem a violência desta geração: “guerra bacteriológica”, “o Holocausto”, “campos de extermínio”, “campos de estupro”, “assassinatos em série”, e “a bomba”. As notícias estão repletas de histórias sobre drogas, assassinatos, explosões de bombas, canibalismo psicopático, massacres, fome e tortura. As boas novas são de que tais coisas são temporárias. No futuro próximo, Deus agirá novamente contra Satanás e seus demônios.
Descrevendo uma visão de Deus, o apóstolo João disse: “E eu vi descer do céu um anjo com a chave do abismo e uma grande cadeia na mão. E ele se apoderou do dragão, a serpente original, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos. E lançou-o no abismo, e fechou e selou este sobre ele, para que não mais desencaminhasse as nações até que tivessem terminado os mil anos.” — Revelação 20:1-3. Depois disso, o Diabo e seus demônios ‘serão soltos por um pouco’, e então serão destruídos para sempre. (Revelação 20:3, 10) Que época maravilhosa será essa! Com Satanás e seus demônios fora do caminho, Jeová será “todas as coisas para com todos”. E todos realmente “se deleitarão na abundância de paz”. — 1 Coríntios 15:28; Salmo 37:11.